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Como devem ficar as viagens aéreas

 

Como devem ficar as viagens aéreas

 

 

Empresas deverão eliminar serviço de bordo e poderão reconfigurar a disposição de poltronas

O pouso forçado do tráfego aéreo internacional em razão da pandemia do coronavírus precede mudanças importantes que devem ocorrer nos voos. Em países que começam a flexibilizar as regras de quarentena, como China , Alemanha e Estados Unidos, medidas rigorosas de controle de passageiros, limpeza de aeronaves e restrição nos serviços de bordo começam a ser adotadas — em parte, algumas já são replicadas no Brasil. Veja como devem ficar os voos após a fase mais crítica da pandemia.

 

Distribuição dos passageiros nas aeronaves

 

 

Uma hipótese que vem sendo ventilada por autoridades aéreas é o distanciamento maior entre os passageiros durante os voos. Na China, a retomada das decolagens iniciou com a poltrona central vaga, de forma a aumentar o espaço entre passageiros de corredor e de janela.

No entanto, conforme Jorge Leal Medeiros, professor de Transporte Áereo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), estas práticas foram sendo relaxadas, onde há maior demanda, e preenchidas todas as poltronas, priorizando outros cuidados sanitários.

 

— O ponto de equilíbrio para que um voo pague seus custos com combustível, pessoal e manutenção é com 80% de ocupação. Se você elimina uma em cada três poltronas, a ocupação máxima cai a 67% da capacidade e inviabiliza o voo — explica.

 

Na semana passada, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) emitiu um relatório rejeitando a hipótese de bloqueio da poltrona do meio. Nos Estados Unidos, algumas companhias começaram a oferecer passagens mais caras para que os clientes tivessem a garantia da poltrona ao lado vazia, mas o movimento cessou após receber fortes críticas. Medeiros avalia que será difícil encontrar soluções para esta equação, pois mexe diretamente com o caixa das companhias aéreas.

 

— Alguns caminhos sugeridos é que haja uma tela de acrílico entre os passageiros ou que as poltronas do meio sejam viradas para trás, o que levaria a uma mudança completa na configuração da aeronave. Não vejo disposição das empresas em fazerem esta mudança com a possibilidade de ali adiante se descobrir uma vacina — projeta.

 

Uso de equipamentos de proteção

 
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Uma das recomendações da IATA já está sendo implementada por boa parte das companhias aéreas no Brasil e no mundo, o uso de máscara por passageiros e tripulantes. A Gol passou a distribuir para todas as equipes em ar e solo máscaras de proteção e luvas, e começou a solicitar que todos passageiros também cubram o rosto.

Nos voos da Latam, desde esta segunda-feira (11), o uso de máscara é obrigatório em todos os voos. Nas orientações antes da decolagem, comissários de bordo mostram aos clientes o uso correto da máscara. E, em ambas equipes, álcool gel foi colocado à disposição dos viajantes. Em países como China e Estados Unidos, o uso de máscaras a bordo já é obrigatório desde o final de abril.

 

Serviço de bordo

 

Há um debate entre autoridades, empresas aéreas e consultores sobre o futuro da distribuição de alimentos e bebidas durante os voos. Com a perspectiva de aumento no preço das passagens para controlar a pandemia, deve haver redução na quantidade de passageiros, e os que voarem deverão exigir serviço de qualidade.

Por outro lado, o trânsito de aeromoças e comissários entre os passageiros, distribuindo kits para cada um e eventualmente tocando nas mãos dos clientes, é considerado um fator de risco para contágio pelo coronavírus. Além disso, os passageiros precisariam tirar as máscaras para comer.

 

— Neste cenário, o comissário de bordo se tornaria um vetor de contágio, pois poderia levar o vírus de um cliente ao outro. Não vejo condições sanitárias de se manter o serviço de bordo nos próximos meses — afirma o consultor e ex-diretor da Faculdade de Ciências Aeronáticas da PUC-RS, Elones Fernando Ribeiro.

 

No Brasil, a Gol já eliminou o serviço de bordo. Essa medida pretende evitar a circulação excessiva de comissários pelos corredores das aeronaves assim como o contato da tripulação com os passageiros.

 

Limpeza das aeronaves

 

 

O Brasil já acompanha algumas medidas importantes adotadas por companhias aéreas estrangeiras para higienização das aeronaves e limpeza para conter a disseminação do coronavírus. Os aviões da Latam e da Gol possuem um sistema de recirculação de ar que renova o ar no avião a cada três minutos, graças aos filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air, na sigla em inglês), que removem 99,97% das partículas.

Adicionalmente, um procedimento intenso de limpeza está sendo cumprido em ambas aéreas, e todas as superfícies de contato são desinfectadas com álcool 70%. Na China e na Europa, a cada aterrissagem as aeronaves são submetidas a uma varredura com potentes luzes ultravioletas capazes de eliminar o coronavírus — técnica que tem sido experimentada em hospitais no Brasil.

 

Controle de passageiros

 

 

Empresas aéreas americanas, chinesas e alemãs já implementaram sistemas de controle de temperatura dos passageiros, seja por medição direta com sensores individuais, seja por câmeras termais que monitoram as medidas durante o voo. Na China, a maior parte das empresas faz a medição no momento do embarque, no desembarque e a cada hora durante o voo. Em caso de febre, o passageiro pode ser impedido de embarcar e encaminhado aos cuidados de equipes médicas.

 

— São protocolos sanitários importantes que o mundo está adotando, mas aqui no Brasil ainda não estabelecemos estes tipos de medidas — afirma Medeiros, da USP.

 

A Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) informa que, junto com a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), “está constantemente atualizando os operadores aéreos e aeroportuários dos cuidados de vigilância sanitária”. No entanto, não há regras específicas para medição de temperatura de passageiros.

 

Preços das passagens

 

 

Parece consensual entre especialistas que os preços das passagens, quando houver retomada dos voos, subirá. E isso se dará por dois motivos: menor demanda em razão de empresas e famílias estarem em dificuldades financeiras, achatando as viagens a negócios ou turismo, e também custos mais altos para as companhias aéreas manterem os controles sanitários.
 

— As aeronaves já decolam com uma série de despesas, como leasing (custo por manter a aeronave), combustível entre outros. Há uma despesa fixa que terá de ser repartida entre os passageiros, ainda que estejam presentes em menor quantidade nos aviões — avalia Elones Ribeiro.

 

Já Jorge Medeiros, da USP, acredita que o aumento das passagens não será tão exponencial, uma vez que poderia inviabilizar completamente os voos.

 

— O que deve ocorrer no Brasil é o surgimento de novas empresas aéreas de baixo custo, como era a Webjet e a Gol no seu início, que consigam voar com despesas reduzidas e sem cobrar tão caro pelas passagens — projeta.

 

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