8 Motivos para conhecer a Serra da Capivara no Piauí
1 – É considerado o maior parque de pinturas rupestres do mundo
foto: Diego Rego Monteiro, wikipedia
O Parque Nacional Serra da Capivara é uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza que se localiza no Piauí. Esta área tem a maior e mais antiga concentração de sítios pré-históricos da América. Estudos científicos confirmam que a cadeia montanhosa de Capivara era densamente povoada na era pré-colombiana.
Existem mais de 1000 sítios arqueológicos catalogados onde foram encontrados artefatos, esqueletos humanos, pinturas rupestres com aproximadamente 30.000 figuras coloridas, que representam cenas de sexo, de dança, de parto, entre outras.
2 – É Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco
foto: wikipedia
É um local com vários atrativos, monumental museu a céu aberto, entre belíssimas formações rochosas, onde encontram sítios arqueológicos e paleontológicos espetaculares, que testemunham a presença de humanos e animais pré-históricos. O parque nacional foi criado graças, em grande parte, ao trabalho da arqueóloga Niède Guidon, que hoje dirige a Fundação Museu do Homem Americano, instituição responsável pelo manejo do parque.
Pelo seu valor histórico e cultural, o parque foi declarado pela UNESCO, em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade.
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3 – Conhecer o clima e ambiente do sertão brasileiro
foto: wikipedia
O clima da região é semiárido. Duas estações bem diferenciadas se alternam originando uma verdadeira metamorfose na paisagem. As chuvas ocorrem entre os meses de novembro a março. Um grande volume de água escorre com força pelas rochas, causando forte efeito erosivo. Nessa época, o Parque torna-se uma pradaria com múltiplas tonalidades de verde e vegetação exuberante.
Com o fim das chuvas, tudo começa a secar e a paisagem se transforma rapidamente em um emaranhado de troncos esbranquiçados, retorcidos e cobertos por espinhos. É a época mais quente do ano e a seca toma conta da região.
4 – Trilhas e circuitos
Existem 14 circuitos com várias trilhas para acessar os sítios arqueológicos e lugares de interesse natural para visitar monumentos geológicos, formações vegetais.
A visita completa pode ser realizada em 6 dias, incluindo o Sítio do Boqueirão da Pedra Furada – onde foram feitas as primeiras escavações e as datações sobre o homem pré-histórico.
Os outros circuitos turísticos são integrados pelo Desfiladeiro da Capivara, Baixão da Vaca e Toca do Paraguaio, Circuito do Veredão, Circuito da Chapada, Circuito da Jurubeba, Baixão do Perna, Andorinhas e Circuito da Serra Branca.
Todos os circuitos estão repletos de sítios arqueológicos estruturados com escadas, passarelas e acesso para pessoas com necessidades especiais.
O Baixão das Andorinhas é um grande desfiladeiro de onde se pode assistir, ao final da tarde, ao espetáculo da volta das andorinhas para o fundo do Boqueirão.
5 – Fauna e flora
foto: Tiago Falótico, wikipedia
No total de 615 espécies de plantas encontradas na caatinga, 72% são específicas do sudeste do Piauí.
Dos animais, destaca-se o mocó (roedor das caatingas) presentes nessa região há, pelo menos, 30 mil anos. Há o registro de 33 espécies de mamíferos, 24 morcegos, 208 espécies de aves, 19 de lagartos, 17 serpentes e 17 sapos.
Entre os primatas estão os guaribas Alouatta caraya, macacos prego (a população local utiliza instrumentos de pedra para quebrar frutos de jatobá) e saguis. Os tatus, incluindo o ameaçado tatu-bola, são típicos, além de onças, caitetus, veados, jacus, cotias, preás, serpentes, iguanas.
A densidade de onças-pintadas Panthera onca no parque é de 1,3 indivíduos/50 km2, superior ao observado em outras partes do Brasil. A recuperação da população desses felinos se deve à maior proteção após a efetiva implantação do parque e à criação de pontos de água permanentes, o que possibilitou o aumento da população de espécies-presa.
Uma lista atualizada das aves do Parque e região totaliza 238 espécies, com 193 no parque. A região abriga a maior parte das aves consideradas endêmicas da Caatinga.
6 – Fomentar e prestigiar o turismo local
Esta área possui um importante potencial para o desenvolvimento do turismo cultural e ecológico e representa uma alternativa para o desenvolvimento da região.
7 – Museus
foto: Mateus S. Figueiredo, wikipedia
Em 18 de dezembro de 2018 foi inaugurado, dentro do parque, o Museu da Natureza, uma moderna estrutura com apoio do BNDES e do Ministério da Cultura, sob idealização de Niède Guidon em 2002, que doou uma premiação pessoal para ajudar no custeio das obras.
A sede do museu é o primeiro edifício circular e em espiral todo planejado com estrutura metálica no Brasil, sendo que os 12 ambientes do museu formam uma grande rampa helicoidal – como o tronco do mandacaru, para representar, no sentido ascendente, a evolução das mudanças geológicas e paleontológicas do planeta. O objetivo disso é abranger, sob um ponto de vista cosmológico, todas as eras existentes, com foco nas espécies que já habitaram a região: de trilobitas a tigres-dente-de-sabre.
O Museu do Homem Americano está localizado no município de São Raimundo Nonato. Ele fica dentro da sede da FUMDHAM (Fundação Museu do Homem Americano), que é a responsável pelo museu e que foi criada a partir de uma cooperação entre cientistas brasileiros e franceses que trabalham nessa região desde o ano de 1973.
No início de 2017 o Museu do Homem Americano também começou a ser responsabilidade do comitê permanente de acompanhamento e gestão do Parque Nacional da Serra da Capivara, um modelo de gerenciamento compartilhado instituído pelo governo do estado do Piauí e o Ministério da Cultura do Brasil.
8 – O enigma da Pedra furada
foto: Artur Warchavchik, wikipedia
Nos últimos anos se encontraram, sobretudo na América do Sul, sítios arqueológicos antiquíssimos, o que se leva a considerar outras teorias que expliquem a chegada do homem a América.
Se o fluxo de Homo Sapiens entrou pelo norte no Novo Mundo, por que as zonas arqueológicas mais antigas se encontraram no sul?
É possível elaborar a hipótese de que os grupos de Sapiens, ao começarem sua expansão pelo planeta, faz uns 130 milênios, dirigiram-se, além de Ásia e de Europa, diretamente a América do Sul, navegando através do Oceano Atlântico?
Com efeito, os achados em Pedra Museu (em Santa Cruz, Argentina, de 13 milênios de antiguidade), em Monte Verde (no Chile, de 33 milênios) e sobretudo, em Pedra Furada (Piauí, Brasil, de 60 milênios), fazem pensar em outras teorias para explicar a origem da população da América.
O sítio arqueológico de Pedra Furada é uma zona árida, chamada Sertão, cuja vegetação é a Caatinga, nome dado a um particular tipo de flora adaptada a viver em ambientes secos. Nesta área viviam há 12 milênios vários animais pertencentes à chamada “megafauna” que se extinguiram, por motivos ainda desconhecidos.
Alguns estudiosos têm pensado que se extinguiram depois da glaciação e da conseguinte mudança climática global, mas outros investigadores creem que seus desaparecimentos foram causados pelo homem. Com efeito, naquele período, a população humana da América aumentou, provavelmente depois da chegada dos Sapiens de origem asiática.
No entanto, na América do Sul e em particular no Brasil, exatamente na Serra da Capivara, encontraram-se evidências de uma ocupação humana mais antiga, de aproximadamente 60 milênios.
Quem eram os homens que viviam nas cavernas do Piauí? De onde vinham?
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